Artigo traduzido.
FEE – Foundation for Environmental Education
A região costeira do Peró, situada ao longo da imaculada costa atlântica do Brasil, há muito tempo cativa o coração dos turistas. Com suas vistas deslumbrantes e extensões de areia dourada, tornou-se um destino turístico atraente. No entanto, ao longo dos anos, o fluxo de turistas estimulou a construção de mais acomodações, complexos residenciais e infraestruturas, invadindo progressivamente o frágil ecossistema costeiro. As áreas de vegetação de restinga, componente vital desta paisagem costeira, foram as que mais sofreram com as pressões humanas agravadas ainda mais pelo aumento especulativo de empreendimentos imobiliários e pela expansão da pecuária.
Em resposta a esses desafios, a Associação de Moradores do Peró e a Universidade Veiga de Almeida realizaram um projeto de recuperação de restinga na região do Pontal do Peró, com o apoio dos gestores da Praia do Peró, praia premiada pelo Bandeira Azul. O Programa Bandeira Azul e o Instituto Ambientes em Rede (IAR) sempre incentivaram os locais premiados com a bandeira a trabalharem em cooperação com instituições locais para promover a preservação das áreas ao redor dos locais premiados. Esta história da Praia do Peró destaca as oportunidades de envolver as comunidades locais na conservação e educação ambiental, reunindo estudantes de graduação, professores, biólogos e técnicos da Universidade Veiga de Almeida (UVA), bem como autoridades públicas.
Alunos examinando a área de estudo – Foto: Divulgação/Bandeira Azul Peró.
O projeto começou com um levantamento abrangente da área de estudo orientado por um biólogo. Amostras de solo foram coletadas e analisadas quanto ao teor de umidade, teor de matéria orgânica, teor de íons FE³+, pH e teores de potássio e fosfato. Com base nas descobertas, a equipe dividiu a área de estudo em três quadrantes distintos:
O quadrante 1 recebeu uma combinação de lodo da estação de tratamento de esgoto (material sólido remanescente após o processo de tratamento de águas residuais, normalmente consistindo de matéria orgânica e inorgânica), aterro e serapilheira;
O quadrante 2 foi tratado com lodo de uma estação de tratamento de esgoto, torta e serapilheira;
O quadrante 3 serviu como grupo de controle e recebeu apenas uma única camada de aterro.
O aterro e a serapilheira (por exemplo, folhas secas) utilizados no experimento foram provenientes da área circundante.
Divisão da área de estudo em três quadrantes – Foto: Divulgação/Bandeira Azul Peró.
Na fase inicial do estudo foram semeadas leguminosas como Phaseolus vulgaris (feijão preto) e Cajanus cajan (feijão bóer) para facilitar a fixação de nitrogênio. Na fase subsequente, foram plantadas plantas frutíferas nativas como Myrciaria guaquiea (Guaquica) e Eugenia uniflora (pitanga) para atrair artrópodes e aves, melhorando assim a cadeia alimentar local. As plantas nativas foram escolhidas por suas relações simbióticas com a fauna local, pois produzem frutos e sementes altamente atrativos para a vida selvagem.
Foi realizado monitoramento regular, com os alunos medindo o crescimento mensal do broto de feijão e visitando semanalmente a área de estudo para documentar o desenvolvimento da planta através de registros fotográficos. Apesar do planejamento e execução meticulosos, desafios imprevistos surgiram durante o projeto. Um formigueiro invadiu o quadrante 2, mas os alunos conseguiram mitigá-lo usando borra de café. Porém, o revés final foi imposto pelo gado doméstico, que, pela impossibilidade de construir uma cerca de proteção, entrou livremente nos quadrantes. Esse gado consome as folhas recém-desenvolvidas dos brotos e pisoteou o solo, forçando a conclusão da pesquisa em novembro de 2021.
Análises laboratoriais de amostras de solo dos três quadrantes distintos – Foto: Divulgação/Bandeira Azul Peró.
No geral, o projeto apresentou a possibilidade de restaurar áreas degradadas, estimulando processos biogeoquímicos sem depender de fertilizantes químicos. A adição de lodo e torta melhorou a qualidade do solo, particularmente nos quadrantes 1 e 2, onde os níveis de potássio e fosfato aumentaram. A presença de artrópodes atraiu aves, potencializando ainda mais os processos ecossistêmicos. Além disso, a presença de folhas secas ajudou a reter a umidade do solo e a proteger da luz solar intensa.
Apesar dos seus desafios, este projeto não só ofereceu percepções sobre uma abordagem rentável para a gestão do lodo da estação de tratamento, mas também mantém a promessa de um método para restaurar áreas degradadas de vegetação de bancos de areia. Além disso, o envolvimento dos estudantes proporcionou uma oportunidade educacional para a próxima geração de restauradores da natureza, promovendo as competências de observação científica e ambiental dos alunos.
O Instituto Ambientes em Rede (IAR), atua como Organização Membro da FEE no Brasil para a implementação do programa Bandeira Azul, e de outros programas da FEE, como Green Key , Eco-Escolas , Aprendendo sobre Florestas e Jovens Repórteres para o Meio Ambiente .
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Este artigo faz parte da série Década da ONU sobre Restauração de Ecossistemas, que destaca os projetos e atividades dos membros da FEE que contribuem para a Década da ONU.
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